quarta-feira, 2 de março de 2016

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E/OU HIPERATIVIDADE (TDAH): A IMPORTÂNCIA DE UM DIAGNÓSTICO PRECISO E ACERTADO 




      A atenção é a “porta de entrada” para a aprendizagem. Se nossa atenção falhar, teremos dificuldade para aprender, independentemente de nosso nível de inteligência, memória ou conhecimentos prévios. Por outro lado, quando enfrentamos dificuldades, o primeiro domínio que costuma ser comprometido é justamente a nossa capacidade de prestar atenção. Se estivermos ansiosos, comprometemos nossa atenção. Se estivermos deprimidos, doentes, sentindo dor, apaixonados, etc., também. Sob o prisma da psiquiatria, constata-se que além do TDAH, outros transtornos mentais também comprometem a capacidade de atenção, como o Transtorno Bipolar e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo. É comum vermos pessoas queixando-se da memória, mas em muitos casos, constatamos que a dificuldade não está na memória. Está na atenção.

     Estas questões servem para mostrar que não é fácil diagnosticar o TDAH. Posso ter um aluno em minha sala de aula que visivelmente tenha dificuldade para prestar atenção. Mas qual será a origem desta dificuldade? TDAH? Questões emocionais? Algum transtorno mental? Falhas na metodologia do professor? Algumas destas questões combinadas? Para que este aluno possa ser ajudado, é fundamental que ele seja diagnosticado de forma bastante criteriosa.

     O diagnóstico de TDAH é normalmente realizado por um médico neurologista ou psiquiatra, que muitas vezes envia um questionário para os professores e pais, com o intuito de verificar como é o comportamento deste aluno em diferentes ambientes. No entanto, devido à complexidade que envolve o TDAH, outras informações seriam muito importantes para a realização do diagnóstico. Por exemplo, sabemos que há tipos diferentes de atenção: atenção sustentada, atenção dividida, atenção alternada. O aluno tem dificuldade em todas elas? Qual é a capacidade cognitiva deste aluno, independentemente de suas notas escolares? Existem outras dificuldades de ordem viso-motora que possam passar despercebidas pelos professores e pais? Este aluno tem comprometida a capacidade de planejamento de suas ações? Estas são apenas algumas das perguntas que podem ser avaliadas e respondidas por uma avaliação neuropsicológica criteriosa. Em algumas sessões (em torno de 4 ou 5), o neuropsicólogo aplicará uma série de testes que avaliarão os diferentes domínios cognitivos, como memória, linguagem, atenção, funções intelectuais, funções executivas, funções viso-espaciais, construtivas e perceptivas, aspectos psico-afetivos e habilidades acadêmicas, além de avaliar minuciosamente a história clínica deste aluno. O resultado desta avaliação será transcrito em um laudo neuropsicológico e enviado ao médico. De posse destes resultados, o médico terá informações valiosas para fazer um diagnóstico mais preciso e acertado, e consequentemente, definir a linha de tratamento a ser utilizada para que este aluno possa superar, ou no mínimo, amenizar suas dificuldades de atenção.

Cristiane Marx Flor, Psic., MSc